quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Blocos no Rio decidem sair à revelia sem pedir autorização à Prefeitura

http://carnaval.uol.com.br/2014/blocos-de-rua/noticias/2014/01/17/blocos-no-rio-decidem-sair-a-revelia-sem-pedir-autorizacao-a-prefeitura.htm


Blocos no Rio decidem sair à revelia sem pedir autorização à Prefeitura

Blocos se rebelam contra regras impostas pela Prefeitura para organizar o Carnaval de Rua no Rio de Janeiro e decidem sair à revelia sem pedir autorização. E não são poucos os grupos carnavalescos rejeitados que não integram a lista do guia oficial da cidade.

Diogo Carvalho dos Santos, um dos organizadores do Cordão do Boi Tolo
"Somos blocos piratas porque a gente não pede autorização e sai à revelia. A gente simplesmente exerce o direito que a Constituição nos garante de sair e ocupar as ruas livremente, mas não fazemos coisas proibidas. As pessoas são livres para se organizarem pacificamente nas ruas", disse ao UOL Diogo Carvalho dos Santos, 31, um dos organizadores do Cordão do Boi Tolo.
O Boi Tolo é um bloco que nasceu espontaneamente em 2006 na Praça XV, no centro do Rio, formado por pessoas que chegaram no dia errado do desfile do Cordão do Boitatá, que havia mudado a data. "Alguns foliões foram, inclusive eu. Apareceu um pandeiro, um tamborim, uma caixa, um surdo e um trompete, e fizemos um bloco. Éramos os tolos que foram enganados pelo Boitatá", brincou. A partir daquele ano, o bloco autogestionado sai todos os Carnavais sem muito horário definido.

"O Boi Tolo não pede autorização e nem vai pedir. A gente entende que para a ocupação do espaço público precisa apenas de aviso com antecedência ao poder público", argumentou.

Desliga dos Blocos
O Boi Tolo não é um caso único e, para reunir todos os blocos e grupos carnavalescos, nasceu a Desliga dos Blocos, um coletivo que reúne desde 2009 foliões e blocos contrários às normas da Prefeitura.
Apesar de ser um movimento paralelo ao Carnaval de Rua oficial, não é marginalizado ou menosprezado pelos foliões. Para se ter uma ideia, no último domingo, dia 12, a Desliga promoveu na Praça XV a Abertura do Carnaval Não-Oficial que reuniu, segundo estimativas do coletivo, cerca de 6 mil pessoas.
"Somos uma anti-liga, a gente é contra as ligas oficiais. Esse é o espírito da Desliga, diversos grupos e pessoas definindo igualitariamente o que a gente vai fazer pelo Carnaval", disse Diogo, um dos integrantes.

O ano de 2009 foi simbólico para a criação da Desliga, explica um dos agitadores. Foi a primeira vez que a Prefeitura do Rio lançou editais e portarias para organizar o Carnaval de Rua. "Não era apenas uma forma de organizar a festa, a gente percebeu também que era uma forma de mercantilização. Decidem quem sai e quem não sai, exigem uma série de medidas que são responsabilidade da Prefeitura como banheiro, limpeza e segurança. Um bloquinho de 50 ou 100 pessoas num bairro não tem condição de bancar como os grandes blocos", criticou.

Diogo garantiu que, mesmo saindo à revelia, nunca enfrentaram problemas com a polícia ou choque de ordem e nem mesmo tiveram registros de confusão ou baderna. "Fala-se que o Carnaval é o grande vilão do xixi na rua, mas a cidade não tem banheiro público durante o ano. Para se eximir da responsabilidade, botam a culpa nos mijões. É uma contradição, pois a festa é patrocinada por cervejarias e depois criminalizam o folião".

Espírito das manifestações
Como um coletivo livre, a Desliga não tem oficialmente o número de blocos que a compõem. Mas tem os que não faltam nunca como o Cordão do Boi Tolo, o Prata Preta, o Frevo Prato Misterioso, Sambamantes, além de integrantes da Orquestra Voadora.
São pequenos e médios blocos que dão força à Desliga que segue o espírito da onda das manifestações em junho que levaram milhares de pessoas às ruas. "O Carnaval de Rua também é uma manifestação política. Não é só botar o nosso bloco na rua, as grandes bandeiras são contra a mercantilização do Carnaval e da cidade, e pela liberdade criativa no espaço público", defendeu.
Como o coletivo é uma autogestão e informal, ainda não tem uma programação oficial definida pela Desliga durante o Carnaval. Cada bloco é responsável pela sua data de desfile.
O Boi Tolo sairá no Domingo de Carnaval ainda a confirmar a hora. Em 2013, o bloco tocou por 13 horas ininterruptas, em uma marcha da Praça XV até o Aterro do Flamengo passando pelas ruas do centro do Rio. "Foi uma grande festa sem fim", lembrou.

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